Você se considera uma pessoa perfeccionista? Se sim, fique atento ao fato de que profissionais que buscam atingir sempre altos níveis de desempenho podem sofrer um efeito reverso. Tentar ser perfeito em tudo pode fazer de você um profissional frustrado ou extremamente infeliz.
A quantidade de pessoas que se consideram perfeccionistas vem aumentando progressivamente. Pelo menos 10% da população se considera perfeccionista em relação a si mesmos, o que representa uma grande cobrança e insatisfação com o trabalho, família e meio social.
Quando falamos em rotinas empresariais, a cobrança por decisões irretocáveis ou desempenho sempre acima da média pode causar sérios problemas na qualidade do trabalho de equipe. Buscar incansavelmente por perfeição geralmente causa muito mais problemas do que soluções.
O problema do “não está bom o bastante”
Buscar a perfeição pode criar uma paralisia que prejudica a produtividade. Diante daquilo que não é perfeito, há quem prefira não agir. A mania de perfeição também interrompe fluxos de trabalho, atrasando cronogramas ou impedindo seu negócio de caminhar. Pelo meno de errar muitos gestores acabam errando de maneira ainda mais contundente.
Eric Ries em seu livro A start-up enxuta, nos lembra da importância de dar um passo de cada vez, sem desejar grandes lances de genialidade. Empresas de sucesso como Uber, Airbnb ou Netflix não se fizeram “perfeitas” da noite para o dia. Elas são frutos de imperfeições corrigidas progressivamente, dia a dia, até que um produto sólido fosse realizado.
O outro problema da mania de perfeição é a procrastinação. Você evita terminar suas tarefas para se distrair das grandes e assustadoras obrigações que precisa fazer. O resultado é pouco ou nenhum trabalho e muito desgaste emocional.
O que é ser perfeccionista e como isso afeta o seu desempenho
Ao contrário do que se pensa, há diferentes tipos de perfeccionismo, todos diretamente ligados ao modo como realizamos o nosso trabalho.
Existem pelo menos três tipos de perfeccionismo:
- Perfeccionismo auto orientado: representa um desejo irracional e pessoal de ser perfeito. É voltado para as nossas ações cotidianas e geralmente exige muita energia emocional e mental.
- Perfeccionismo social: trata-se de uma percepção errada de que as outras pessoas estejam sempre esperando que você seja perfeito. É a criação de expectativas excessivas dos outros.
- Perfeccionismo direcionado aos outros: trata-se do ato de colocar padrões irreais nos outros, esperando sempre que as demais pessoas sejam melhores do que realmente são.
Como administrar o perfeccionismo
Ser produtivo significa escolher quando uma tarefa vale um esforço maior do que o habitual e quando não vale. Muitas de nossas ações podem ser muito mais produtivas se feitas no modo “low profile”, ou seja, sem uma determinada exigência de alta qualidade.
Isso não quer dizer que podemos aceitar resultados medíocres e se conformar com a baixa qualidade em nossa vida profissional. Mas certas coisas precisam ser feitas com uma certa janela de tolerância.
A técnica “Max, Mod, Min”
Antes de iniciar uma tarefa, faça uma lista com o máximo que você poderia fazer por essa tarefa (Max), o mínimo que você poderia fazer (Min) e o moderado ou meio termo entre os dois (Mod).
Separe suas ações de acordo com a urgência e nível de necessidade de qualidade. Por exemplo: num dia com 4 entregas de projetos, classifique cada um deles dentro de padrão.
Tarefas Min são geralmente rotineiras, feitas de modo mais ou menos automatizado, como responder e-mails ou criar relatórios. Já as tarefas Max são caracterizadas por tomadas de decisões mais delicadas e exigem maior concentração e esforço. As ações do tipo Mod são as que combinam atitudes já estabelecidas com um esforço fora da rotina.
Perfeccionismo e medo do sucesso
Um dos efeitos colaterais do excesso de perfeccionismo é o fenômeno do medo do sucesso, um problema que tem atingido cada vez mais pessoas no meio empresarial.
Esse receio é caracterizado por um medo constante de que os seus projetos se saiam bem demais. Afinal, quanto mais sucesso o seu empreendimento tiver, maior deverá ser o seu comprometimento com ele. O grande problema desse tipo de visão é que ela cria empreendedores extremamente limitados. Ser bem-sucedido se torna sinônimo de maior chance de erro – e pessoas perfeccionistas não sabem lidar com erros.
Diversos especialistas apontam esse fenômeno como parte de um complexo de problemas pessoais. Cada pessoa terá um modo de lidar com sua busca incessante pela perfeição e o medo de falhar, mas podemos apontar pelos menos 5 pontos para aprender a lidar com isso:
Aprenda administrar os erros
Muitas empresas possuem uma postura punitiva em relação aos erros de seus funcionários. Isso gera uma tensão constante em busca de padrões inalcançáveis de perfeição, que na prática não produzem nada de bom. Estimule suas equipes a encarar os erros, não a fugir deles.
Nomes como Microsoft, Apple e Google são exemplos de grandes corporações que cometeram erros em diversos projetos, mas que nem por isso se deixaram levar pela obsessão por perfeição.
Mude seu conceito de perfeito
Há um ditado que diz: melhor feito que perfeito. O primeiro passo para criar rotinas mais produtivas e realistas é definir claramente o que é perfeito. Na prática, nada é perfeito. O que um bom gestor pode fazer é determinar um padrão aceitável de qualidade.
Pense comigo: o que é um restaurante perfeito? Um lugar que ouve seus clientes e busca inovar nos pratos ou um ambiente constantemente em reformas e ansioso por resenhas positivas dos críticos de gastronomia? Você certamente já se decepcionou com restaurantes do segundo tipo, lugares badalados, cheios de prêmios e matérias nos jornais e com comida ou atendimento ruim.
Busque sempre transitar numa zona confortável onde possa fazer seu trabalho bem feito. No final das contas o que vale é se divertir, fazer as pessoas felizes e aprender com o seu trabalho.
Pare de procurar a perfeição nos outros
O funcionário ideal, o cliente ideal ou o mercado ideal não existem. O economista Richard Thale, no excelente livro Misbehaving, nos ajuda a compreender como o mundo dos negócios é incrivelmente humano. Decisões erradas são cometidas a todo momento. Antes de tentar compreender as mudanças da economia e de como o dinheiro se comporta, saiba compreender as pessoas ao redor.
Alguns dos grandes nomes do mundo dos investimentos são também ótimos gestores sociais. Neste panorama, uma empresa nada mais é que um grande esforço para minimizar, sem jamais eliminar, os riscos das relações de compra e venda.
Já pensou em fazer uma consultoria financeira e melhorar a qualidade da gestão de sua empresa?