Chegou o final do mês e não sobrou dinheiro para nada? Aquela viagem dos sonhos vai ter que ser adiada pro ano que vem? O sofá novo vai ter que esperar? Sua vida financeira anda fora do eixo?
Eu sei como é, lidar com o dinheiro não é sempre coisa fácil.
Vivemos numa cultura onde o endividamento está ultrapassando todos os limites e onde o nosso trabalho parece render cada vez menos. Temos que entender que passamos por uma severa crise econômica, mas nossa vida financeira pode melhorar (e muito) com algumas dicas simples.
O primeiro passo para ter uma vida financeira mais saudável é identificar alguns erros comuns. Selecionei 7 sinais de que você precisa parar um momento e ajustar sua rota financeira. No final tem uma dica bônus especial. Confira:
1 – Você depende da moda para comprar algo
A moda é bem mais do que tendências de roupas e acessórios. Há carros da moda, relógios, viagens e até mesmo investimentos da moda. O problema de seguir tendências é que elas custam caro. Quanto mais “in” você estiver, mais “out” ficará de dinheiro.
Um dos primeiros sintomas de que sua vida financeira anda mal é a dependência de estar sempre na moda. O último modelo de carro ou de telefone celular irá lhe custar mais do que o seu orçamento permite e ainda lhe causará uma forte sensação de frustração. Afinal, o que é tendência hoje não será amanhã.
Bons investidores e pessoas com ótima saúde financeira passam inabaláveis pelas tendências. Foque no que é realmente bom, útil e necessário e desconsidere o resto.
2 – Você tem uma relação estressante com o seu banco
Todos nós sabemos: bancos são chatos. Filas, documentos, burocracias, taxas. Aprendemos, desde cedo, que banco é lugar de problemas. Isso criou o conceito de que cuidar do dinheiro é algo estressante. O resultado é que muita gente simplesmente abre mão de saber mais sobre o seu banco e acaba perdendo muito dinheiro com isso.
Quando pensamos na nossa relação com as instituições financeiras, percebemos não fomos educados a cuidar do que é nosso. Muita gente ainda age como se o gerente fosse uma babá e o nosso pagamento uma criança mal educada. Não deveria ser assim.
Se você paga taxas que não sabe, pega empréstimos sem necessidade ou abusa do cheque especial e outros serviços caros, precisa parar a repensar sua forma de lidar com os bancos. Bancos são prestadores de serviço que deveriam nos tratar como reis – afinal, damos a eles o poder de gerir nosso dinheiro todo mês.
Busque saber mais sobre os bancos digitais (geralmente sem taxas e muito práticos) ou sobre cartões de crédito sem anuidade (já falei sobre isso aqui). Não entregue o seu dinheiro no primeiro banco da esquina, nem aceite pagar nada a mais pelo serviço básico. Seja um cliente exigente e acompanhe de perto sua rotina financeira.
3 – Você gasta como forma de recompensa pelo seu trabalho
Há duas formas de lidar com o dinheiro: usando-o como energia para mover o mundo agora ou depois.
Quando pensamos em comprar algo e esperamos o momento certo, estamos adiando um prazer em nome da comodidade de poder pagar à vista. Quando caímos na tentação de comprar algo em dezenas de vezes, estamos atendendo ao impulso do prazer imediato.
O segredo está no equilíbrio.
Bons gastadores não consideram o ato de comprar como uma recompensa, mas como um processo natural movido pelo ganho de capital. Se toda compra for para você parte da filosofia de “eu trabalho, eu mereço”, em algum momento você terá problemas com as contas.
Antes de cair nessa pegadinha, coloque sua vontade de gastar dentro do seguinte esquema:
- Útil: o objeto da compra deve ser algo que gere um benefício real e necessário.
- Vantagens de longo prazo: o objeto da compra deve ser algo que irá trazer benefícios hoje e depois.
- Vantagens coletivas: o objeto da compra deve ser bom para você e para os que vivem ao seu redor. Não tem graça gastar com coisas só para si mesmo.
4 – Você confunde gastar com investir
É muito comum ouvir as pessoas dizerem: viajar não é gasto, é investimento. Porém, a definição de investimento é bem mais complexa.
Segundo a BTG:
Podemos dizer que investir passa pela ideia de comprar barato e vender caro. Bons investidores extraem o maior lucro possível dentro da estratégia estabelecida e dos objetivos a serem atingidos.
BTG Pactual
Ou seja, investir é fazer o seu dinheiro trabalhar por você. Um bom investimento transforma a quantia investida e mais dinheiro, nunca o contrário. Embora fazer uma viagem, pagar um curso ou realizar uma compra importante sejam parte do nosso prazer pessoal, investimento de verdade não consome dinheiro, mas multiplica-o.
É importante não confundir realização de sonhos ou compras de bens de consumo com investimentos. Comprar um carro, uma casa ou viajar não são investimentos, mas podem ser produtos de um processo racional de acúmulo de capital. Tenha em mente que confundir gastar com investir é o primeiro erro para perder o controle sobre suas contas.
5 – Você não investe corretamente
Se poupança e imóveis são os melhores investimentos para você, tenho más notícias. Atualmente o Brasil é um dos melhores países do mundo para investir em renda fixa, o que não justifica manter o seu dinheiro rendendo pouco na poupança ou empacado num imóvel.
A verdade é que herdamos a tradição de manter o dinheiro em modelos de investimentos conservadores por uma questão cultural. Nos idos dos anos 70 e 80 guardar dinheiro na poupança e comprar terrenos e imóveis era a melhor forma de fazer o pé de meia.
Com o tempo a economia brasileira mudou e se tornou mais diversificada. Modelos como o tesouro direto, RDB e CDB são ótimas maneiras para fazer seu capital render com segurança e boa liquidez. Comece a pesquisar mais sobre o melhor modelo de investimento e pare de pensar dentro da caixa.
6 – Mais de 30% de sua renda está comprometida com parcelamentos
A compra parcelada é parte da cultura brasileira. Em países como Portugal e França, simplesmente não há a possibilidade de comprar um artigo do dia a dia parcelado. Ou se paga no crédito ou à vista.
O grande problema da cultura do parcelamento é que muitas pessoas acumulam dívidas de modo silencioso. Uma parcela aqui, outra ali – no final do mês o seu salário esgota-se todo em pagamento de carnês, faturas de cartão e empréstimos.
Uma dica importante é jamais comprometer mais do que 30% de sua renda com parcelamentos. Dívidas acima deste valor costumam consumir o capital que poderia ser empregado em um investimento ou usado para o conforto da família.
7 – Você não sabe, de fato, quanto gasta por mês
Se eu lhe perguntasse agora quanto você ganha por mês, certamente você saberia dizer. Todo mundo sabe exatamente quanto ganha, mas muitas (muitas!) pessoas não fazem ideia de quanto gastam.
Esse é o maior erro e sinal de que você precisa repensar sua vida financeira. Viver, mês a mês, sem saber o quanto será gasto é como navegar sem farol ou dirigir no escuro.
Controlar rigorosamente os nossos gastos mensais não é uma tarefa simples, mas com o tempo ela se torna parte dos nossos hábitos pessoais. Primeiramente, anote tudo o que você gasta. Literalmente tudo! Do cafezinho até a compra parcelada. Você poderá usar uma tradicional planilha do Excel para isso ou um bom aplicativo.
Gosto muito do Mobills como plataforma de controle de gastos. Dá para usar no celular ou no computador e o app oferece relatórios detalhados sobre como gerenciar melhor sua grana.
Dica bônus: se você não começar a poupar agora, não poderá fazer isso depois
Muita gente se acha velha demais para guardar dinheiro. Não importa sua idade, classe social ou sexo. O importante é que você crie o hábito de guardar parte do seu ganho mensal com regularidade. Comece com pouco, aprenda seu limite e não deixe de aproveitar a vida.
Com o tempo, economizar se torna um hábito e você começará a recolher os frutos da sua disciplina.
Precisando de ajuda para manter as contas no eixo? Vamos trocar ideia!