O fluxo de caixa é uma arma poderosa em um momento de adversidades. Se bem administrado, ele pode oferecer ao empreendedor informações valiosas sobre como gerenciar o dinheiro da empresa.
Hoje falaremos um pouco sobre as principais práticas para manter um bom fluxo de caixa, mesmo diante de tanta incerteza no mercado brasileiro. Acompanhe o texto:
Avalie como andam suas contas a contas a receber
Contas a receber representam capital que irá entrar em sua empresa dentro de curto e médio prazo. Em outras palavras: é a lista de clientes que lhe devem dinheiro.
Em momentos de crise é natural que alguns de seus clientes atrasem o pagamento, causando um gargalo dentro do seu fluxo de caixa. Uma conta a receber cancelada é um duplo problema: significa que você vai ter que queimar força de trabalho para cobrar esse cliente e que você certamente não receberá tudo o que deveria.
Prefira sempre vendas no cartão de crédito e jamais venda fiado. Em caso de eventuais atrasos, seja paciente e acompanhe de perto o processo de cobrança.
Também é o momento de encontrar bons planos de vendas a crédito. Confira as taxas de seu banco, pechinche e se não estiver satisfeito, pule fora. Quanto menor a taxa, maior será o seu lucro.
Revise como anda o seu fluxo de caixa
Antes de entrar no modo emergencial, revise os fundamentos de gestão de sua empresa. Se você ainda não conhece seu fluxo de caixa como a palma da sua mão, eis o momento de passar todas as contas a limpo.
Não são apenas os grandes gastos que devem ser revisados durante uma crise, mas você deve revisar suas contas consistentemente a cada mês para ajudar a evitar problemas de fluxo de caixa a longo prazo.
Dica importante: se você tiver necessidades sazonais – seja para mais funcionários, mais estoque ou mais capital de giro -, essas necessidades precisam ser gerenciadas com mais cautela, pois representam um ponto fora da curva do seu gasto mensal. Talvez seja hora de pensar em obter uma linha de crédito.
Estimule as vendas à vista
Incentivar os clientes a pagarem mais rapidamente evita calotes e demoras em receber o capital líquido. Mas cuidado: descontos devem ser usados com cautela, pois reduzem a sua margem de lucro drasticamente.
Encontre formas de incentivo como programas de fidelidade, pontuação, brindes e outros mimos. Deixe o desconto para os clientes que realizam compras maiores.
Diminua o ritmo de saída de caixa
Pague suas contas um pouco mais devagar – mas com consciência de que você precisará pagá-las todas.
Não caia no risco de tentar quitar todas as suas contas de uma vez só, em busca de uma sensação provisória de “tá tudo pago”. O ideal é gerenciar a saída de dinheiro de seu caixa através da negociação.
Pague primeiro o que é importante, como aluguel, funcionários e financiamentos, depois negocie o restante. Busque mais prazo, descontos para quitação imediata e condições mais favoráveis com seus fornecedores.
Você precisa pesar os prós e os contras entre pagar muito devagar e prejudicar seu relacionamento com os fornecedores, ou pagar muito rápido e prejudicar o fluxo de caixa.
Lembre-se: essa é uma manobra arriscada. Empresas que pagam suas contas lentamente não são sempre as preferidas dos fornecedores.
Saiba mais sobre os relatórios financeiros.
Reduza seu estoque
Em momentos de crise é hora de reduzir suas compras de estoque. Algumas empresas cometem o erro de comprar muito diante de uma oferta mais baixa dos fornecedores. Isso não apenas irá comprometer dinheiro como poderá fazer com que sua empresa perca os controles das contas a vencer.
Em vez disso, verifique se é possível operar com menos estoque disponível e solicitá-lo apenas quando o cliente fizer pedido. Muitos fornecedores já oferecem estoques dinâmicos e lotes consignados – não vendeu, basta devolver.
Comprar estoque a crédito exige do empresário uma boa noção do vencimento dos boletos e faturas e das contas a receber relacionadas. Se você tiver mais contas do que entradas irá operar no vermelho.
Não se apegue ao seu estoque. Faça-o girar com promoções e fidelizações e racionalize seus pedidos.
Antes de pegar empréstimo faça o dever de casa
É importante que você conheça as necessidades de sua empresa em termos de fluxo de caixa. Pedir dinheiro emprestado só faz sentido se for para equilibrar suas contas – de outro modo você estará pagando para falir.
Certifique-se de efetuar pagamentos com base nas operações atuais, não em projeções irreais. Seja objetivo: se uma empresa tem mais de 30% de seu capital de giro comprometido com empréstimos, é hora de ligar o alerta.
Evite atrasos desnecessários de contas. Otimize seus processos de gerenciamento de contas a receber e contas a pagar com a ajuda de apps e bancos eletrônicos.
É importante conhecer bem também seus colaboradores, fornecedores e clientes. Eles serão o suporte de sua empresa durante esse período delicado. E também são os principais elos a sofrerem os impactos da crise.
Clientes somem, colaboradores perdem o entusiasmo e fornecedores se tornam inflexíveis. Sempre trabalhe em seus relacionamentos com fornecedores e clientes para que eles se tornem parceiros eficazes durante uma crise de caixa. O mesmo vale para os colaboradores. Seja honesto, direto e crie parcerias sólidas.
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