Com a pandemia, muitos ficaram desempregados e passaram a considerar a ideia de ter seu próprio negócio usando as verbas rescisórias. No entanto, esses novos empreendedores devem levar em conta dois pontos muito importantes: o passo a passo e os procedimentos legais para abertura de um negócio e ter um conhecimento muito profundo sobre o segmento e mercado em que pretendem atuar. Mas, antes, de mais nada esses homens e mulheres precisam ter sabedoria, garra e coragem para empreender na crise.
Abrir e manter uma pequena empresa de sucesso não é fácil em momento algum. Sobretudo, em um tempo em que a economia mundial foi profundamente afetada por uma pandemia. Ou seja, as necessidades e dificuldades para esses empreendedores ficaram bem mais complicadas. Mas, se você está decidido a se tornar um empreendedor ou uma empreendedora não deixe que o tempo e a conjuntura te paralisem. Um novo ano acaba de chegar e haverá muitos desafios pela frente, entretanto, 2021 reservará boas oportunidades a quem está disposto a encontrá-las.
Se você está pensando em dar um salto e empreender na crise, considere as dicas a seguir para construir seu negócio com sucesso em uma economia difícil.
Superando a insegurança de empreender na crise
Nem é preciso dizer que uma recessão pode ser um período muito desafiador para indivíduos e empresas. Como resultado, as pessoas perdem seus empregos e reduzem os gastos, e as reservas em dinheiro começam a diminuir. Ademais, os mercados de crédito ficam mais restritos e os bancos começam a aumentar suas restrições aos empréstimos. Assim sendo, você provavelmente deve se perguntar se faz sentido começar uma nova empresa e, se você acha que sim, como fazê-lo? Mas, saiba que você pode sim começar a empreender na crise e ter bons resultados.
Antes de abordarmos algumas das etapas que você precisará realizar para fazer seu negócio decolar, lembre-se de que você pode ter sucesso, mesmo em níveis moderados, durante tempos econômicos turbulentos. Nesse sentido, elencamos estão razões do porquê:
Você pode encontrar muito menos competição ao empreender na crise. Isso porque a maioria das pessoas tende a abrir um negócio quando a economia está florescendo. Portanto, se você estiver determinado e focado, pode até conseguir fazer isso sem ter de dividir seus lucros com terceiros.
Vantagens de empreender na crise
Há muitas coisas que estão mais baratas, ou seja, itens que contribuem para seus custos indiretos. Então, pense em coisas como aluguel, móveis e materiais – todos os quais você pode conseguir com desconto.
Os clientes que você conquistar durante esse período têm mais probabilidade de ficar com você quando a economia mudar para melhor. Assim sendo, isso é especialmente verdadeiro se você puder oferecer a eles opções mais acessíveis do que seus concorrentes e excelência em atendimento.
As empresas estabelecidas tendem a conter ou interromper a inovação durante uma recessão. Dessa forma, Você pode usar esse tempo para ter novas ideias que podem estar faltando no mercado, o que lhe dá uma posição melhor ao abrir suas portas reais ou virtuais.
Parece intrigante, mas, na verdade, algumas empresas até prosperam em tempos de incerteza econômica. Se você está pensando em abrir um negócio, certifique-se de fazer uma pesquisa muito criteriosa sobre diversos segmentos. Lembre-se que parte do seu sucesso depende do tipo de negócio que você pretende abrir, então escolha uma área que possa prosperar em tempos difíceis.
Leia, em seguida, o que você deve levar em conta ao começar a empreender na crise.
Principais considerações ao abrir um negócio em plena crise
Comercialize com inteligência
Começar um novo negócio quando a economia está em declínio requer criatividade e engenhosidade .Sendo assim, o marketing é vital para chegar à frente do jogo e de seus concorrentes. Portanto, pegue seu plano de negócios e realce os componentes de marketing: o que exatamente você vai vender? Quem são seus clientes-alvo? Como você definirá o preço de seus produtos ou serviços? Qual é o seu plano para promover o seu negócio?
Você tem uma chance melhor de ter sucesso pensando em um nicho. Divida sua base de clientes original para chegar a segmentos menores para que você possa comercializar de forma mais estratégica.
Como alternativa, pense em maneiras de alterar seus produtos ou serviços para ampliar seu apelo comercial e base de clientes. Ademais, lembre-se também de ficar de olho na concorrência. Faça análises constantes de seus concorrentes. Além disso, observe ainda o que outros fornecedores estão fazendo e estude as técnicas de marketing que estão usando para construir seus negócios. Enfim, use a criatividade em suas ações promocionais.
Comece pequeno…. Mas com um plano de expansão
Maneje suas expectativas e despesas começando da maneira mais “familiar” possível e planeje expandir quando seu negócio decolar. Revise seu plano de negócios e reconsidere o que você precisa para começar.
Com relação à equipe, antes de contratar funcionários de tempo integral, pense em preencher cargos com terceirizados, trabalhadores temporários ou funcionários de meio período. Leve em conta a possibilidade do trabalho home office, o que diminuirá significativamente seus custos.
Use o marketing e a tecnologia a seu favor
Hoje em dia, você não consegue começar um negócio sem usar tecnologia. A tecnologia pode fornecer várias maneiras de economizar dinheiro e aumentar os lucros. Por exemplo:
- Expanda seu mercado vendendo online por meio de vários canais
- Faça marketing por e-mail em vez de publicidade eletrônica ou impressa mais cara
- Use sites para obter ideias de outros empreendedores e líderes empresariais de sucesso
- Otimize seu site para os mecanismos de pesquisa (SEO) para mantê-lo no topo das pesquisas de seus clientes
- Produza veículos de marketing acessíveis, como podcasts ou webinars, por meio de seu site
- Crie um programa de fidelidade do cliente online oferecendo descontos, bônus de indicação e cupons
Potencialize e saiba aproveitar seu networking
Conheça outras pessoas em seu ambiente que possam indicar clientes e ajudar você a empreender na crise. Encontre um grupo de rede de negócios local procure associações comerciais, entidades que reúnam outros empreendedores. Considere ingressar em uma associação profissional – local onde você pode conhecer pessoas pessoalmente ou um grupo online – para explorar as ideias de outras pessoas.
Medidas para reduzir custos
Uma economia enfraquecida pode realmente “esconder” algumas ótimas maneiras de economizar dinheiro. Ideias criativas para diminuir seus custos iniciais incluem:
Usar a situação econômica como alavanca na negociação de aluguéis, contratos de lesingado de equipamentos, etc. Você poderá conseguir um preço mais baixo se puder demonstrar capacidade de pagar no prazo e integralmente com a taxa mais baixa;
Compra de suprimentos de empresas que estão fechando ou precisam reduzir o estoque, especialmente para itens caros, como eletrônicos, móveis de escritório etc.;
Negociar com outros proprietários de empresas, procurando possibilidades de aliança comercial e sugerindo a compensação de custos pela comercialização de produtos ou serviços.
Tendo em mente todos esses fatores e possibilidades, é hora de arregaçar as mangas e montar um “desenho” do que será o seu negócio. Abaixo, leia as principais ações para empreender na crise.
Planejando para empreender na crise
- Escolha seu segmento de atuação, levando em consideração seus talentos, suas habilidades, a situação do mercado, suas crenças, seus valores, entre outros fatores;
- Refine suas ideias de empreendimentos até chegar ao seu modelo de negócio;
- Depois de definir seu segmento de atuação, procure fazer uma pesquisa minuciosa sobre tudo o que envolve a área;
- Com base nessas informações levantadas, é o momento de desenvolver seu plano de negócios, que deverá incluir: sumário executivo, descrição do negócio, análise do público-alvo, análise de mercado, análise da concorrência, plano de marketing, desenvolvimento da marca, processo operacional, planejamento financeiro, entre outros;
- Aproveite o plano de negócios para estudar a fundo o mercado que escolheu: o desempenho e os meandros do segmento como um todo, concorrentes, fornecedores, entidades, público-alvo, mão de obra etc.;
- De posse de dados mais concretos, defina quais serão seus produtos ou serviços, bem como público-alvo;
- Para colocar seu negócio para funcionar, você precisará de um investimento inicial, por mínimo que seja. Então, desenvolva um planejamento financeiro e consulte suas reservas, meios de financiamento e até a possibilidade de ter sócios;
- Pesquise fornecedores, a vaiando qualidade do produto, preços, forma de pagamento e prazos de entrega;
- Pense e desenvolva toda a estrutura operacional para o negócio funcionar;
- Prepare um plano de marketing completo, incluindo planejamento executivo, análise de ambiente, definição do público-alvo, definição do posicionamento de mercado, definição de objetivos e metas, de estratégias, implementação, avaliação e controle;
- Apresente ao mercado a marca por meio de divulgação, assim que os trâmites legais de abertura já estiverem consolidados.
Depois de preparar todo o arcabouço do que será o seu negócio, está na hora de partir para os procedimentos de abertura da empresa do ponto de vista burocrático, legal e contábil.
Passo a passo para abertura de seu negócio
Abaixo, saiba mais sobre os procedimentos básicos para essa tarefa:
1. Encontre um contador de sua confiança
O primeiro passo é encontrar um profissional de contabilidade ou um escritório especializado, que possa lhe ajudar neste processo de abertura de empresa.
Atualmente, há diversos conteúdos na internet que vão te auxiliar neste momento, porém é muito importante que você tenha o respaldo de um contador experiente. Ele vai tirar todas as suas dúvidas e dar mais segurança e agilidade ao processo.
2. Elaborando o Contrato Social
Esta é a etapa inicial para abrir empresa. O contrato social deve ser elaborado de maneira meticulosa, para não haver nenhum erro. No contrato, deverá constar informações como:
- Definição do Tipo da Empresa – O nome, endereço, atividade que realiza, entre outros detalhes;
- Definição do CNAE – Este passo é fundamental. A definição do CNAE influi diretamente na tributação da empresa, sendo decisivo em processos como licitações;
- Descrição dos Sócios – Quem são os sócios e quais as atribuições de cada um?
- Fechamento do Capital Social – Qual será o total de investimento inicial em sua empresa? E como cada sócio arcará com as despesas?
3. Registro na Junta Comercial / CNPJ
Após o recebimento dos formulários assinados pelo empresário, o processo segue para a etapa da Junta Comercial. Na sequência, os documentos serão protocolados na Junta Comercial para que seja registrado o seu contrato e gerado o CNPJ da sua empresa. Após o deferimento do processo pela Junta Comercial, a liberação do CNPJ demora, em média, um dia.
4. Inscrição Municipal
Na etapa seguinte é a hora da Inscrição Municipal. Ou seja, é o cadastramento na prefeitura do município onde ela está estabelecida. O objetivo é obter o número de identificação municipal. Isso nada mais é do que a permissão de funcionamento. Entre os documentos, estão: Cadastro Mobiliário, Inscrição Municipal, CCM (Cadastro do Contribuinte Mobiliário, Alvará, entre outras denominações, dependendo da aplicação e da localidade.
5. Órgão de Classe
Existem algumas atividades, chamadas de regulamentadas. Sendo assim, as empresas que exercem essas atividades, precisam fazer a inscrição no seu respectivo órgão de classe para atuar. Por exemplo, em órgãos de classe, como o: CRC/CFC (Conselho Regional/Federal de Contabilidade), CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), CRECI (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), entre muitos outros.
6. Certificado Digital
Será necessária a compra do Certificado Digital E-CNPJ do tipo A1 para que todas as operações e obrigações acessórias possam ser entregues com agilidade e, em alguns casos, também para emitir notas fiscais pela plataforma. O Certificado Digital nada mais é do que um documento eletrônico. Ele contém dados sobre a pessoa ou empresa que o utiliza para comprovação mútua de autenticidade. Funciona como uma espécie de carteira de identidade eletrônica, permitindo que uma transação realizada através da internet torne-se perfeitamente segura, já que as partes envolvidas deverão apresentar suas credenciais, comprovando suas identidades.
7. TFE – Taxa de Fiscalização de Estabelecimento
Também conhecida por Taxa de Funcionamento, a TFE é uma taxa que deve ser paga para a prefeitura onde está a sua empresa. Enquanto que os valores estão em uma Tabela TFE. Com efeito, é um valor cobrado anualmente. No caso da Prefeitura de São Paulo, é cobrada no dia 10 de julho de cada ano. Porquanto, essa é a data do recolhimento da primeira parcela ou da parcela única do ano. No caso do pagamento da primeira parcela no dia 10 de julho, as demais vencerão todo dia 10 dos meses imediatamente subsequentes.
Sobre emissão de nota fiscal
O assunto emissão de notas fiscais é um dos temas que mais geram dúvidas para os novos empreendedores. Por isso, é que há uma série de questionamentos assolam os administradores de empresas. Por conseguinte, muitas pessoas decidem formalizar seus negócios justamente impulsionados pela vantagem de poder emitir notas fiscais, algo que muitas vezes seu tomador de serviço está cobrando. Enfim, vamos a algumas das principais dúvidas:
Sou obrigado a emitir nota fiscal?
De cara, já é possível responder a questão: sim, você é obrigado. Dessa forma, a regra geral é: sempre que existir uma receita, é preciso formalizá-la perante os órgãos do governo, através da emissão de notas fiscais. De fato, a Lei 8846 fala dessa obrigatoriedade. Enquanto isso, sobre Notas Fiscais Eletrônicas, se a sua cidade, onde sua empresa estiver cadastrada, já possuir esse ambiente de emissão de NF-S, você é obrigado a emitir também. Salvo no caso de MEIs vendendo para pessoa física.
Existem, sim, muitos benefícios exclusivos para quem decide começar a empreender na crise. Se você fizer sua lição de casa, pensar estrategicamente e aproveitar todas as oportunidades para minimizar custos e, ao mesmo tempo, maximizar o valor que agrega aos clientes, poderá construir uma base para o sucesso duradouro dos negócios, seja em tempos de tempestade, seja em tempos de bonança.
Feliz 2021! Sucesso e coragem!